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Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Está na Constituição: o transporte coletivo é um serviço público essencial e um direito social. Isso significa que não pode parar. Afinal, possui papel fundamental para milhares de trabalhadores que levam adiante o sistema produtivo — em hospitais, nas indústrias, no varejo, nos restaurantes, nas escolas e nas mais diversas atuações.

Está na Constituição: o transporte coletivo é um serviço público essencial e um direito social. Isso significa que não pode parar. Afinal, possui papel fundamental para milhares de trabalhadores que levam adiante o sistema produtivo — em hospitais, nas indústrias, no varejo, nos restaurantes, nas escolas e nas mais diversas atuações. É por isso que os governos federal, estaduais e municipais precisam estar atentos permanentemente a esse tema.
A crise no transporte coletivo não é uma realidade de hoje, e com a pandemia foi agravada. No Rio Grande do Sul, o sistema metropolitano, por exemplo, perdeu 75% no volume de passageiros no início da pandemia. Atualmente, a média de usuários é equivalente a 54% da quantidade transportada em 2019. Somado a isso, a alta acumulada do diesel, principal insumo para o transporte, foi de 64% em 2021.
Mesmo com o trabalho sério e responsável das empresas, buscando se reinventar e cortando gastos, infelizmente não há garantia de reequilíbrio do sistema se a demanda não for recuperada. Ou seja, a ação do poder público é essencial, tal qual o transporte público, e decisiva, não apenas para o sistema se manter, mas para dar mais eficiência e qualidade ao serviço.
Temos dois bons exemplos locais recentes. Um deles é do governo do Estado, que aprovou projeto de lei garantindo auxílio para pagamento de milhares de trabalhadores do sistema metropolitano. O outro é da prefeitura de Gravataí, que reduziu a passagem de R$ 4,80 para R$ 3,75 e previu melhorias para os usuários. Merece destaque também a mobilização liderada pelo presidente da Granpal, prefeito Sebastião Melo, de Porto Alegre, para a criação de um SUS do Transporte.
Dar atenção ao sistema de transporte representa viabilizar uma passagem mais justa e acessível, que poderá resultar no aumento do número de passageiros e na oxigenação do sistema. Significa, também, investir no trabalhador, especialmente na população de baixa renda, que mais precisa deste serviço. É contribuir para tornar o sistema de transporte mais atrativo e eficiente, com ônibus mais modernos e sustentáveis, climatizados, com acessibilidade, aplicativos em tempo real, entre outros benefícios aos passageiros.
Inovar não é só fazer coisas novas, mas, também, resolver problemas que se arrastam há anos em áreas de enorme impacto social e econômico no dia a dia da população e dos municípios. Quem teve a coragem de enfrentar o tema e encaminhar soluções vislumbra um novo cenário. Quem esqueceu dessa responsabilidade já vê bater à porta o alerta de colapso nesse sistema indispensável. Como nos ensinou Geraldo Vandré: “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.

José Antônio Ohlweiler – Presidente da Associação dos Transportadores Intermunicipais Metropolitanos de Passageiros (ATM)

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